Já aconteceu há alguns dias, mas há momentos que precisam mesmo de ficar registados para a posteridade.
O avô convenceu-nos a participar no passeio anual da antiga empresa onde trabalhou. Uma subida do rio Douro da Régua até Ponte D’Alva. A viagem começava às 9h00 e terminava às 17h30. Achei demais, e fiquei sempre na dúvida se seria uma boa ideia irmos com os miúdos tão pequenos metidos num barco durante tantas horas. O avô insistiu, e nós fomos.
Aiii rapazes, onde nos fomos meter…
Eram 5h00 vesti os rapazes ainda a dormir. Acordaram quando peguei neles e estavam tão bem-dispostos. Impecável, isto vai correr bem, pensei eu… claramente precipitei-me.
Chegamos à camioneta e começa o filme. Ora bem, havia uma senhora a reclamar efusivamente porque não queria trocar de autocarro, outra que não queria ir no único lugar que estava livre porque não via bem para fora, o organizador aos gritos a fazer a chamada, os miúdos pávidos a ver aquelas cenas todas a acontecer ao mesmo tempo…
Acaba-se a gritaria e começa o Martim a dar espetáculo. Estava com sono e não encontrava posição para dormir. Ao fim de 200 voltas e 30 minutos de choro lá adormeceu.
1 hora passada de camioneta e alguém pede ao motorista para meter um filme. Até aqui tudo bem, até começar a dar um filme erótico… Aiiii Deus ma livre. Era o Dinis a olhar para o monitor de boca aberta e olhos semicerrados a tentar perceber o que era aquilo e eu a pedir efusivamente ao motorista para tirar aquilo. Ufaaa, fomos a tempo antes de entrar na parte mais “pesada” e ver-me obrigada a responder às perguntas do Dinis.
Chegámos ao barco e os avós acham uma grande ideia sentarmo-nos logo na primeira mesa que apareceu à frente. Boa, ficamos mesmo debaixo do ar condicionado.
Sentados assistimos a mais um espetáculo de reclamações e gritaria porque havia famílias que não tinham lugares suficientes para se sentarem juntas.
Resolvido o problema o barco arranca e decidimos subir para relaxar e ver a paisagem no topo do barco. Não conseguimos sequer sair… Era tanta gente naquele barco aceder ao exterior do barco ficou-se por uma miragem.
Almoçámos, os rapazes sempre a correr de um lado para o outra, e a bater contra toda gente. Cansam-se, o Martim adormece o Dinis começa a aborrecer-se e ainda eram 13h30…
Chegámos finalmente a Ponte D’Alva, com toda gente a reclamar que eram muitas horas metidas num barco atafulhado. Mas meus amigos, se vocês soubessem o que tínhamos ainda pela frente guardavam energia para reclamar depois…
18h00 estávamos na camioneta para fazermos a viagem de regresso. Comecei a pensar que talvez a viagem de regresso não fosse tão rápida como me fizeram acreditar…
Estávamos apenas a 30 minutos, quando pufff. O ar condicionado de uma camioneta avaria. Crianças e idosos são distribuídos pelas restantes camionetas e isso significou levar o Martim e o Dinis ao colo o resto da viagem. E o resto da viagem é o quê?!? “Apenas” 5 horas de viagem com crianças cansadas, rabugentas e desesperadas. Elas e eu.
Não eram apenas os miúdos insuportáveis. Toda gente estava num estado de “panela de pressão” prestes a explodir. A viagem foi feita entre choro dos miúdos e reclamações dos adultos.
Quando chegamos a casa nem quis acreditar. Só me apetecia chorar de felicidade por aquela aventura ter terminado.
Hoje a avó disse que estavam a organizar um passeio a… Interrompia antes de terminar porque a minha resposta foi “Jamais avó, jamais!”
Aiii até estou cansada só de me lembrar daquele dia. Fica a experiência para, com aquelas condições, nunca mais repetir ;)