Tanta pressão e são só umas fotografias
Uma das vantagens de ter só meninos é, sem dúvida, a facilidade com que os vestimos. Calça, camisola, sapatilhas, lavar dentes e está pronto. Deus foi muito generoso comigo, deu-me dois filhos, mas teve o cuidado de me dar ambos rapazes. Ele saberia que se me desse uma menina, talvez fosse muito perturbador para ela ter uma mãe que não tem muito sentido critico e estilo para estas coisas de conjugar roupas, laços, fitas, meias e tudo mais… Por isso, muito obrigada!
Desde ontem que andam a tirar aquelas fotografias da praxe no colégio. Eu também tenho essas fotografias, mas felizmente também tenho uma mãe que nos vestia a rigor e de forma imaculada para esse momento e que assim me poupou alguns desconfortos.
É uma responsabilidade muito grande. Não quero que os rapazes daqui a alguns anos olhem para aquelas fotografias e pensem “WHAT?!? Mãe, o que te passou pela cabeça para nos vestir assim?!?”, e que escondam estas fotografias das namoradas. Nem pensar!
Cada vez que pensava no que ia vestir aos rapazes já sentia uma pressão a crescer dentro de mim, e ontem, ao fim do dia, a educadora do Dinis decidiu ajudar” à festa”. Mandou uma sms a dizer “Amanhã é dia de fotografias, não se esqueçam de caprichar…” Caprichar?!?! Como assim?! Compro um fato para o miúdo, meto-lhe uma camisa e um laço, compro-lhe uns sapatos de vela? Defina caprichar, por favor!
Hoje, antes de acordar o Dinis fui às gavetas e fiquei a olhar para a roupa com outra atenção. Tentei perceber que roupa lhe dava um ar mais caprichado, mas -admito- que não foi fácil e tenho sérias dúvidas se fui bem-sucedida. Vesti-lhe um primeiro conjunto. Olhei e ele estava lindo. Mas ele é sempre tão fofinho caraças, como ia perceber se estava nos níveis exigidos? Perguntei-lhe e ele respondeu sem prestar grande atenção à roupa e com o ar despreocupado (que é tão meu) “Está ótimo!”. Viu-o andar de um lado para o outro a brincar e fiquei a tentar perceber se era aquela roupa “a tal”. Fiquei com dúvidas. Disse-lhe que tínhamos de vestir outra. Não quis, não era suposto e não estava minimamente interessado. Forcei e lá lhe enfiei um novo outfit. Não resultou e ele só pedia para o deixar em paz. Voltei à primeira opção e levei-o assim para o colégio.
Quando o levei, assim um bocadinho a medo, para junto dos colegas nem consegui reparar na roupa dos meninos. As meninas envergavam laços tão, mas tão pomposos que roubavam a atenção toda. Eu sinceramente nem imagino o peso daquilo, mas não devia ser muito confortável. Confortável estava o Dinis, com a roupa de sempre e aquele ar tímido de quem não parte um prato e que lhe dá todo um charme que dispensa qualquer fato ou laço 😉