É isso que têm para me dizer?
Estás tu a caminho do colégio com os rapazes finalmente sentados e calados no banco de trás e decides dar um daqueles ralhetes sérios, sem sorrisos, sem palavras fofinhas, nem mas, nem meio mas…. Eles merecem ouvir toda a tua frustração de dias e dias de birras. São birras para acordar, para vestir, para comer, para sair de casa, para escolher um simples brinquedo para a curta viagem de casa ao colégio, até para entrar o carro se chateiam porque há sempre um que se lembra que tem de ser o primeiro a entrar. Tu aguentas dias e dias de birras sem te chatear, usas todo o teu jogo de cintura e poder de negociação e lá vão eles de pazes feitas e felizes para o colégio. Mas raios, mal acordo ouço nas notícias que esta semana vamos ter temperaturas acima dos 45 graus. Como querem que eu esteja bem-disposta? Como?!? Arranco convosco ainda a remoerem um com o outro e eis que… CHEGA! Uso todo o meu vocabulário para vos demonstrar a minha frustração pelo vosso comportamento. Percebo que talvez não entendam tudo que digo porque são palavras que não estais tão habituados a ouvir, mas eu quero lá saber, eu preciso de desabafar. Estou eu concentrada e lançada naquele discurso, faço uma pausa para recuperar folgo e ganhar mais balanço e é nesse momento que ouço:
- Mãe, podes pôr a essa música mais alta?
Oi?! Como? Está aqui uma pessoa em terapia, a demonstrar toda a sua frustração sobre o vosso comportamento e o que têm para me dizer é isso?!
Respiro fundo, tento perceber qual era a música que está a dar e...riu-me com a coincidência, era a Ana Moura, Dia de Folga.
Talvez fosse isso que o Dinis me estivesse a tentar dizer (mesmo sem se aperceber), é só preciso de um dia de folga e tudo volta a ficar bem
Melhor, já ficou tudo bem e só passaram uns minutos.