O desfralde
Não gosto de me precipitar a falar de temas que ainda não estão encerrados. Quando me questionam como os rapazes deixaram a chupeta, como correu o desfralde, quando passaram para as camas deles, etc, só me considero oficialmente apta para falar dos assuntos depois de bastantes semanas sem retrocessos.
E neste sentido, creio que já posso responder à pergunta “como correu o desfralde do Martim?” Yeah
Desde os 2 anos que fui introduzindo o tema lá em casa ao mai novo. Fui-lhe apresentando o potinho, sempre que o Dinis ia à casa de banho, incentivava-o a ir vê-lo e perguntava-lhe se queria fazer igual, sentar-se na sanita, mas a resposta foi sempre a mesma: Nã! Nã queo! Ok, não há problema, amanhã voltamos a conversar.
Em maio, no colégio avisaram que iam começar o desfralde e que os pais deviam continuar o trabalho do colégio em casa. I’m in! Contem com toda a minha dedicação e empenho!
Recordo-me que estivemos cerca de 1 mês a colocar o Martim no pote (com muito custo e só com ele distraído) e nem uma pinguinha caía. Até que chega o dia em que finalmente aparece um xixi e aí meus amigos foi a verdadeira loucura lá em casa…aplausos, high five, abraços, festa… tudo que o rapaz tinha direito para o incentivar a continuar. Mas acho que o assustámos! O rapaz só voltou a fazer xixi no pote passado 1 mês. Estávamos na véspera de férias e o Martim já fazia xixi no pote e cocó na sanita… no colégio, em casa não fazia nada a não ser xixi no jardim.
Mas não fazia mal. Todos os dias convidava-o a ir ao pote e esperava no máximo 15/20 minutos para que surgisse alguma coisa. Se não surgisse dizia-lhe que não fazia mal, amanhã voltávamos a tentar. Uma nota, para o Martim permanecer sentado no pote dava-lhe tudo para a mão que o pudesse distrair (livros, tablet, pinturas, bonecos… o que ele quisesse).
Todos os dias tentávamos e no final do mês de julho já conseguíamos que ele fizesse o primeiro xixi do dia no pote e cocó, dia sim, dia não.
Mas eis que chegam as férias e o Martim estranha completamente a nova rotina de casa. Recusa a fralda, xixi só ao ar livre e cocó passava 3 a 4 dias sem fazer, pelo que (embora contrariados) tivemos de usar cerca de 3 vezes clisters para o ajudar.
Comprei sumos de laranja, dava-lhe papa de fruta com bastante ameixa, ele bebia muita água, comprei redutores de sanita com bonequinhos, potes de todas as formas e feitios, mas nada resultava. Um dia, em desespero quando me apercebi que queria fazer cocó e estava a prender, disse-lhe para fazer nas cuecas. Ele, embora assustado, fez! Estava resolvido. Pelo menos voltava a fazer cocó sem ajuda de “extras”. Esteve assim cerca de 3 semanas até aceitar o meu convite (que fazia todos os dias) para regressar ao pote ou à sanita.
No início de setembro a rotina já estava mais ou menos normalizada e hoje, embora prefira fazer xixi no jardim, já pede para ir à casa de banho e às vezes apanhamo-lo sozinho no jardim a fazer xixi.
Resumindo, as fraldas só devem voltar a ser assunto em novembro para a nova cria.
Se ajudar alguma coisa ficam aqui algumas notas de comportamentos que (creio) ajudaram em todo este processo:
- Não ter pressa. Cada criança tem (mesmo) o seu ritmo e é importante respeitar;
- Não ceder à pressão. Àquelas almas que têm super filhos que aos 2 anos tocam piano, falam francês e limpam o rabinho sozinhos fazendo-nos sentir umas mães incompetentes, sorriam, tenham pena delas e despeçam-se com "até um dia destes";
- Convidar a experimentar o pote ou sanita (com redutor para não parecer tão assustadora);
- Se o tempo estiver propício e houver condições, deixa-los fazer xixi no jardim (o Martim ainda se diverte com isso e as orquídeas nunca nasceram tão cedo e viçosas). Não é bonito mas depois uma boa rega limpa tudo;
- Não forçar. Não quer fazer, não faz! Amanhã é outro dia!
- Seja otimista.Vejam sempre o lado positivo mesmo quando está a lavar o 4º par de cuecas (por cá, dizem que m*+da é dinheiro. Como devem imaginar eu fiquei MILIONÁRIA em 4 meses).