"Qué qué isso ó meu?"
O dia estava chuvoso, mas a temperatura agradável. Não apetecia ir para casa depois do almoço na casa da avó Lola. A caminho passamos pelo campo de futebol onde o Dinis treina e, voilá, havia jogo dos juniores. Vamos ver o jogo! Todos contentes lá fomos para uma tarde de futebol que se esperava serena e diferente (de forma positiva).
Ficámos na fronteira entre os adeptos da casa e os visitantes. Ouvíamos protestos, mas, na sua maioria, até eram engraçados. O Dinis ria-se e quando ouvia um palavrão, olhava para mim de olhos esbugalhados e dizia entre dentes “Aquele Senhor/a disse uma asneira”. Sorria-lhe e repetia-lhe “Ignora, faz de conta de não ouviste” Até que, de repente, a 5 minutos de terminar o jogo, com os visitantes a perder por 3 -1, tudo muda… Os miúdos dentro de campo desentendem-se (nada de especial, um arrufo normal de quem quer disputar o jogo até o apito final” e nas bancadas aquilo torna-se uma batalha campal. Os pais começam a mandar bocas uns aos outros, um carapau de corrida começa a ameaçar outros pais, quando a policia o manda calar e se mete à sua frente (de costas quentes) intensifica as ameaças e pronto… era ver aqueles pais de cabeça perdida a tentarem agredir-se, sujeitos a deslocar as próteses que já devem ter nos joelhos e ancas, e os filhos no campo a olhar escandalizados para tudo aquilo.
Fugimos com os miúdos daquele campo de batalha. O Dinis assustado só dizia que não queria ir mais ao futebol, mas no caminho para casa encontrámos um pai de um dos jogadores a ver o jogo, sozinho, numa das encostas do recinto. Percebeu que estamos a fugir daquela confusão e perguntou o que se tinha passado. Explicámos-lhes e ele riu-se respondeu “É o costume”. Disse que há anos que acompanha o filho nos jogos, mas que desistiu de ver junto dos outros pais. “Eles não se sabem comportar, não têm noção do que dizem e não têm tolerância nenhuma.” Rematou dizendo “Se eles são assim, como podemos pedir aos miúdos para ser tolerantes?”
É uma boa questão, pai!